A procissão dos homens anuncia a vida a partir da morte, alimentando a fé e as energias vitais para enfrentar um cotidiano marcado por inúmeras dificuldades.

Com o objetivo de registrar uma tradição rica em simbolismos, o documentário "A procissão dos homens" foi filmado no povoado de Bananeiras, Território do Piemonte Norte de Itapicurú.


Quem sou eu

Ficha Técnica: Diretora - Clarissa Rebouças; Ass. de direção - Lara Belov; Diretor de Fotografia - Jero Soffer; Produtor - Davi Caires; Produtor local - Ailton Ribeiro; Still - Belle Mojás; Operador de Áudio - Kleber Morais; Montagem - Marcelo Villanova; Desenho de Som e Finalização de Áudio - Glauco Neves

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Últimos momentos

Passamos o dia descansando e organizando as coisas para ir embora, o dia da Procissão dos Homens foi bastante puxado. Davi Caires compôs uma música e como sempre tinham crianças perto da gente, tive a idéia de convidá-las para decorar a letra e fazer um coral. Todo mundo topou.

Davi Caires e crianças

As crianças sentaram na porta da nossa casa e cantamos até elas decorarem tudo. No dia seguinte, reunimos todas depois do almoço e gravamos o coral.








Bananeiras
Letra e música: Davi Caires

Tô no distrito de Pindobaçu
Precisamente perto da Bananeira dos Pretos
Longe de casa, mas perto de tu
No pé da serra, embaixo desse céu azul
Licuri, bode na brasa e umbú
Aqui na roça tem pato, jumento
Cutia e tatu
Sexta-feira é dia de procissão
Mas se você tiver de saia
Não vá ao cemitério não
Matraca na mão
Zé da Tota e João
Bate o sino dona Maria
E anuncia a procissão
Não tenho medo da morte
Vou com a sorte e o coração

Pode-se escutar a música neste link: http://dl.dropbox.com/u/2654993/bananeiras.mp3

À noite, comemoramos no bar de Nelinho e Popô e nos despedimos de Bananeiras, cheios de saudade!
Foi maravilhoso conhecer as pessoas de lá, muito carinhosas, atenciosas e especiais. Nos sentimos em casa com tanto acolhimento, só tenho a agradecer!


Equipe Procissão dos Homens

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A noite da procissão

A preparação pra procissão começou por volta de 16h. Convidamos Leu, um morador do local, para nos ajudar com a iluminação do cemitério e com o tráfego do cartão da câmera que precisava ser consecutivamente descarregado e substituído por um vazio. A base foi a casa de Núbia que fica no meio do caminho entre a igreja e o cemitério, trajeto básico da procissão.




Reunimos toda equipe para recordar mais uma vez de que maneira iríamos realizar a cobertura de toda a procissão. Davi Caires ficou com a câmera Sony EX1, responsável por ficar fixo na igreja no início da procissão e depois de começado o ritual, gravar os planos gerais dos homens indo ao cemitério e no próprio cemitério também. Foi nesta mesma câmera que Kleber Morais gravou o áudio da procissão. Ele trabalhou com dois canais, sendo um boom captando o som ambiente e um lapela preso em João de Souza, que compõe a frente da Procissão dos Homens. Gravando os planos fechados e mantendo-se sempre próximo a João de Souza, ficou Jeronimo Soffer com uma Nikon D90. Cobrimos as câmeras com papel filme para proteger da chuva.






Depois da reunião, Ailton deu seguimento às nossas tarefas, colocou as várias velas que compramos nas paredes do cemitério pra deixar ele mais iluminado pra noite. As velas ficaram presas numa traquitana que Jero inventou, uma espécie de prateleira.

Iniciada a procissão, fiquei com Davi dentro da igreja gravando os cantos e as rezas que antecedem a procissão, depois recebemos o sinal de que João de Souza e Zé da Tota já haviam ido pro cemitério, eles realmente saem sem que ninguém veja, é impressionante. Davi então seguiu na direção que todos os homens iam.









E eu, como todas as outras mulheres, fiquei próxima aos atores da via sacra que iniciaria tão logo os homens terminassem o ritual no cemitério e descessem em procissão. Um clima de mistério tomou conta, fiquei curiosíssima pra saber o que se passava ali no cemitério, só conseguimos ouvir de longe. Foi um momento muito bonito quando os homens apareceram e se juntaram aos jovens que fazem a via sacra. Um momento que liga sombolicamente no presente o passado ao futuro.

Depois seguimos em procissão, dando a volta na praça e retornando a igreja. Havia muita gente e foi muito bonito de ver. A princípio estávamos apreensivos, principalmente eu porque por ser mulher não pude acompanhar a filmagem no cemitério. Mas confiei em Davi e Jero e o resultado foi ótimo.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Folga, descanso merecido!

Dia de folga! Aproveitamos para conhecer as belezas naturais de Bananeiras. Lá tem cachoeiras, montanhas, rios e muito verde!



Fizemos uma trilha e recarregamos as baterias nas águas doces do rio que encontramos. No dia seguinte iríamos finalmente filmar a Procissão dos Homens e precisávamos deste tempo para descansar, afinal a procissão acontece na madrugada de sexta para sábado.



Passamos o dia aproveitando a natureza e à noite oferecemos uma feijoada para confraternizar com os amigos que fizemos ali e que foram tão receptivos com a gente: Nelinho, Pôpô, Núbia, Pai Vei e outros que se juntaram a nós.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Lua cheia

Esta foi uma das entrevistas mais significativas, não só pelo fato de dona Maria ser a mãe de seu João de Souza, um dos mais ativos participantes da Procissão dos Homens, mas porque seu sorriso e simplicidade conquistou a todos da equipe.

Dona Maria, Clarissa Rebouças, Jero Soffer e Kleber Morais

Dona Maria incrementou o documentário com as suas experiências de vida não só em relação a manifestação religiosa, mas também por sua importância e participação no povoado de Bananeiras. Uma senhora pequena, magrinha mas com muita força transmitida pelo sorriso e pelo olhar.

Dona Maria
A entrevista com dona Maria foi uma das mais longas que realizamos. Ficamos tão envolvidos pela conversa, pelas crianças que circulavam por ali que nem vimos o tempo passar. Assim se foi uma segunda feira de manhã das mais agradáveis...

Kleber Morais e Dona Maria



Na parte da tarde entrevistamos seu Orlando que nos contou sobre a sua trajetória de vida, sobre o poder da padroeira da cidade: Santa Efigênia e sobre a sua participação na Procissão dos Homens. Do segundo andar da casa dele tivemos uma visão ampla de onde pudemos fazer imagens gerais do povoado e da Lagoa de Santa Efigênia.

Kleber Morais, Jero Soffer, seu Orlando e Clarissa Rebouças


Jero Soffer e Ailton Ribeiro







Kleber Morais, Clarissa Rebouças e Lara Belov

Lagoa de Santa Efigênia


Saindo da casa de seu Orlando fomos agilizar o que fechou o dia com chave de ouro: um time lapse de frente da igreja e outro de cima de uma torre que registrou o nascer de uma lua cheia das mais bonitas que já vi.





quarta-feira, 30 de junho de 2010

Decisões importantes

No segundo dia de entrevistas fomos a casa de seu Mário Quirino, o poeta da cidade. Um senhor muito simpático que nos ajudou a enriquecer os conhecimentos sobre Bananeiras e sobre a procissão, e trouxe sua visão lúdica através dos seus poemas, muito bem cuidados, impressos em colorido e que levam em grande parte a foto do poeta de Deus, como seu Mário Quirino costuma se chamar.

Mário Quirino, Kleber Morais, Lara Belov, Jero Soffer e Clarissa Rebouças

Jero Soffer, Mário Quirino, Clarissa Rebouças e Lara belov

Clarissa Rebouças
Demoramos um pouco para achar o enquadramento adequado neste dia visto que o quintal de seu Mário é pequeno, mas conseguimos colocá-lo posicionado num bonito facho de luz.


Lara Belov, Jero Soffer, Clarissa Rebouças

A conversa fluiu muito bem tanto que pudemos na mesma manhã seguir pra casa da avó de Núbia onde foi realizada a entrevista com ela. Núbia é uma das jovens de Bananeiras mais envolvida com as histórias e as produções locais, sendo uma entrevistada que enriqueceu bastante o documentário e trouxe o olhar de uma moradora mais jovem.

Núbia Santana
Jero Soffer, Kleber Morais, Clarissa Rebouças e Núbia Santana
 
Núbia Santana e Jero Soffer
Lara Belov e Jero Soffer
Pela tarde fizemos testes de som e câmera na igreja a fim de encontrar os enquadramentos e as posições que privilegiariam o registro da procissão no dia marcado.

Lara Belov e Jero Soffer

À noite fomos mais uma vez ao cemitério a fim de fazer testes de luz e câmera, o objetivo era escolher a íris e o obturador ideal visto que a iluminação em Bananeiras a noite é bem fraca, principalmente o cemitério que não conta com nenhuma luz.

Ailton Ribeiro e Jero Soffer

Jero Soffer, Clarissa Rebouças e Lara Belov

Jero Soffer, Clarissa Rebouças e Lara Belov

Ailton Ribeiro

Ailton Ribeiro

Neste dia ficou decidido o uso de velas em grande quantidade espalhadas pelas paredes do cemitério e que faríamos a procissão em preto e branco porque a opção em cor deixaria a imagem vermelha e preta. Creio que esta opção foi acertada visto que de noite no cemitério só se vê a escuridão iluminada por pontos luz vindo das velas.
Esta decisão foi crucial e de fundamental importância pro filme.
 Davi Caires e Jero Soffer

Clarissa Rebouças

Davi Caires, Clarissa Rebouças e Jero Soffer


Obrigada a todos pelos comentários, mas por favor não esqueçam de assinar seus nomes para que eu possa saber quem está comentando.